Esta mensagem, além de ser loooooonga, e ter informações importantes para quem tem cachorros que sofrem por causa de medos e ansiedade, é também bastante pessoal.
A HISTÓRIA DE UMA CACHORRA MALUQUINHA
Em 1999 nós adquirimos uma linda Border Collie de apenas 50 dias de vida. Como o criador estava em outro estado, e sabendo da importância de se evitar traumas em filhotes com idade até 2 meses, arrumamos tudo para uma amiga ir buscá-la e trazê-la dentro da cabine do avião, e não no compartimento de carga como os cachorros normalmente são transportados.
Cachorros são bem mais sensíveis a sons do que nós humanos, e a raça Border Collie é mais sensível aos sons do que a maioria das raças caninas. Nossa grande preocupação era evitar que a esta bolinha de pelos fosse exposta ao barulhão das turbinas, estando justamente na fase em que os cachorrinhos são facilmente traumatizados para o resto da vida.
Mas qual é a chance de tudo dar errado quando a gente planeja tudo certinho????
Primeiro esta amiga não pode fazer o voo para a cidade onde nossa peludinha se encontrava, então o criador decidiu embarcá-la em um voo direto, que duraria apenas um pouco mais do que duas horas.
Quis o destino que nada desse muito certo, e ela acabou indo parar, por um erro da companhia aérea, em um voo com várias escalas, com previsão de 6 horas de duração e, como tanto a gente temia, várias decolagens e aterrissagens, aumentando em muito as chances desta cachorrinha ficar apavorada para o resto da vida. E nem isso foi o bastante. Por conta do mau tempo ela ainda foi parar em um terminal de cargas em São Paulo, sem previsão para chegar ao Rio de Janeiro. Mais uma vez acionamos os amigos (nem posso imaginar como seria a nossa vida sem os amigos) e tentamos retirá-la em São Paulo, para que ela pudesse ser alimentada, exercitada e tivesse um pouco de carinho, consolo e uma boa noite de sono, até que pudéssemos ir buscá-la de carro no dia seguinte.
Claro que isso também não deu certo, pois o armazém onde ela se encontrava já estava fechando e não haveria ninguém para liberar nossa pequena. Mais algumas ligações desesperadas, mais um monte de ameaças no aeroporto e na companhia aérea , muita histeria, mais um apelo para nossa amiga, e conseguimos que ela fosse reembarcada em um voo internacional que estava fazendo escala em São Paulo com destino ao Rio.
Moral da estória: Uma filhote de 50 dias foi embarcada as 11 horas da manhã em Porto Alegre e só chegou às 23:30 no Rio de Janeiro, com mais de 36 horas sem se alimentar e com dezenas de situações de estresse. Não podia dar outra: Ela morria de medo de qualquer barulho!
Ainda tenho vivo na memória, e no coração, como era duro vê-la se encolhendo e tremendo, tentando se esconder desesperadamente quando usávamos um liquidificador, secador de cabelos, ou qualquer aparelho domestico. O mesmo acontecia com barulhos de carros, motos, trovoadas, fogos de artifício, estampidos, ou qualquer barulho que se destacasse, por mais longe e irrelevante que parecesse aos nossos ouvidos.
Começava uma batalha diária para tentar tornar a vida desta cachorrinha o mais confortável possível, pois, tirando o medo, ela tinha uma personalidade apaixonante: Viva, inteligente, curiosa, carinhosa, teimosa, bagunceira, encrenqueira, hiperativa, neurótica.... Um amor!
Com o medo dos sons domésticos (já que tínhamos controle total do ambiente) resolvemos abordar o problema usando a técnica de dessensibilização por inundação de estresse, ou seja, colocamos a nossa filhotinha (depois de já ter passado a fase emocional do medo) numa situação em que ela era obrigada a ficar diariamente exposta por longos períodos aos sons que ela tinha medo, sem chance de fugir, até o seu cérebro "perceber" que não existia risco. A gente se sente um carrasco, um monstro, mas tínhamos que tirá-la desta enrascada. Aviso aos navegantes: Esta é uma técnica que deve ser usada apenas por pessoas com muita experiência, e deve ser aplicada com muito cuidado e consistência. Não tente fazer isso sozinho em casa. Consulte um profissional e peça ajuda a ele.
Para nossa cachorrinha, no que diz respeito a barulhos de "motores" e barulhos domésticos, funcionou 100%.
Mas ainda havia um longo caminho pela frente, pois os medos de trovões, fogos de artifício e estampidos eram bem mais imprevisíveis e difíceis de recriar em um ambiente controlado. A despeito de todas as dificuldades e trabalho que dessensibilizar a nossa Border Collie daria, sabíamos que esta era uma tarefa que tinha que ser enfrentada, uma vez ao ouvir estes sons, o medo dela era tanto que passava de dois a três dias debaixo da cama sem sair para comer, beber ou se aliviar. Estava chegando ao ponto de que ela ameaçava morder (e me mordeu mesmo um dia) se tentássemos tirá-la debaixo da cama, ou de onde estivesse escondida. Bastava o tempo ficar nublado, sem mesmo chover, para nossa cachorrinha ir se esconder, tremendo e ofegante.
Nesta nova etapa fizemos uma combinação do uso de medicamentos com dessensibilização sistemática e habituação. A estratégia foi usar os CDs da coleção Sem Medo da BitCão, expondo nossa peluda aos sons que ela tinha tanto medo, de forma gradual e constante. Todos os dias colocávamos uma das faixas do CD, conforme o plano sugerido, e íamos aumentando o som tão devagarzinho que ela mal notava. Aos poucos (e com ela foi realmente aos poucos) conseguimos avançar e ter algum sucesso.
Depois de um ano, inclusive sendo medicada este tempo todo, ela já não tinha mais medo nos dias nublados e conseguia sair de baixo da cama assim que os fogos ou os trovões cessassem. A Bibba (este é o nome da figurinha) não apresentava mais nenhum sinal de agressividade se nós tivéssemos que arrancá-la de seu esconderijo e se aliviava sob comando, mesmo quando não estava se sentindo muito segura de que os barulhos tinham cessado totalmente. Além disso, se o som fosse percebido muito ao longe, mas ela estivesse engajada em uma atividade muito atraente, como jogar bolinha, brincar com lanterna laser, ou nadar na piscina, ela assumia uma postura alerta, mas continuava perto da gente brincando.
Consideramos este nível de estresse um super sucesso, e Bibba levava sua vidinha numa boa. Só que a velhice foi chegando e ela começou a ter recaídas nas suas crises de pânico. Como se já não bastasse a artrose, a perda gradual da visão e da audição, as dores no corpo e os pelos brancos a velhice ainda tinha que trazer de volta os velhos medos.
NASCE UMA NOVA ESPERANÇA
Foi então que em 2007 eu li um livro muito interessante chamado Animals In Translation: Using the Mysteries of Autism to Decode Animal Behavior ( algo como Animais em Tradução: Usando os mistérios do autismo para decodificar o comportamento animal) da Dra. Temple Grandin. Neste livro ela explica como é compreender o comportamento animal pelos olhos e mente de uma pessoa com autismo. A Dra Temple é Phd em Comportamento Animal e vê "o autismo como uma espécie de estação de passagem na estrada de animais para seres humanos - colocando as pessoas autistas na posição perfeita para traduzir aconversa animal".
No livro ela cita uma experiência que nasceu da observação de como o gado ficava muito mais calmo quando tinha seu corpo pressionado por uma máquina na hora de ser vacinado ou tratado. Grandin resolveu fazer para si uma maquina semelhante (adaptada para humanos) para ver o que aconteceria quando ela estivesse bem no meio de uma de suas crises de ansiedade. Como ela previa, ao ser colocada na maquina ela sentiu um grande alívio, relaxamento e diminuição da tensão e do estresse. A partir da maquina que ela chamou de Hug-Machine, ou Máquina do Abraço, Grandin desenvolveu uma espécie da camisa que comprimia seu corpo e proporcionava o mesmo alívio.
Fiquei encantada com a história e logo comecei a pesquisar para saber se alguma empresa estava desenvolvendo algo parecido para atender nossos peludos. Finalmente, conseguimos descobrir algumas alternativas e em 2010 compramos uma Thundershirt para testes na BitCão.
Nossa primeira cobaia? Claro, claro, a Bibba.
A melhora nos sintomas da Bibba foram imediatos.
Vejam bem: Eu disse "melhora nos sintomas", mas não disse que ela está curada, embora existam relatos impressionantes na internet de donos que dizem que seus cães se recuperaram 100% de seus medos e comportamentos ansiosos.
Mas também, além da nossa bichinha ter um histórico difícil, os fatores que causam medo em um cachorro podem ser tantos e tão variados, que as vezes fica muito difícil isolá-los e saber ao certo qual deles é o grande vilão da história.
Vamos tomar como exemplo o medo de trovões e chuvas:
A primeira coisa que faz a gente pensar em porque nossos amigões ficam tão apavorados quando chove forte é o medo do barulho das trovoadas, certo? Mas tem mais coisa nesta estória...
Quando uma tempestade se aproxima o cheiro do ar se modifica e os "supernarizes" caninos percebem isso infinitas vezes melhor e mais claro do que nós. Muda a pressão atmosférica, e a descarga elétrica dos raios afetam os cães de uma maneira que a gente nem chega a entender direito.
A gente pode até dessensibilizar o cão do barulho dos trovões, mas isso não quer dizer que ele vai ficar totalmente imune da ansiedade, uma vez que outros fatores continuam agindo no ambiente.
Se conseguirmos fazer com que nossos queridos bichos consigam se sentir mais seguros, menos ansiosos e estressados, e sofram menos com os sintomas que costumam acompanhara os episódios de medo, já estaremos melhorando muito a vida deles (e as nossas também).
Ao lembrarmos que o medo pode provocar mudanças até no funcionamento do organismo, como taquicardia, salivação diarréia, vomito, tremores, falta de apetite, perda de pelos, vamos perceber que qualquer melhora é uma grande melhora!
Nossa menina (na verdade uma senhora de 11 anos), quando ve a Thundershirt já se abana toda. Ela sai de baixo da cama com muito mais boa vontade, consegue comer imediatamente, para de tremer e consegue ficar deitada de lado, muito mais relaxada, perto da gente. Ela ainda se esconde com fogos e trovoadas? Sim, se esconde! Ela ainda fica alerta? Sim fica bem alerta, esperando para ver se a barulheira já acabou, mas ela se recupera bem mais rápido e fica claro que ela sofre muito menos durante os episódios que a incomodavam tanto.
A Bibba não vai mais viver sem a sua Thundersirt - Camisa Calmante!!!
Se a Thundershirt acalma os cães pressionando o corpo deles, por que os treinadores e comportamentalistas sempre disseram que não devemos abraçá-los e tocá-los quando estão com medo?
Acontece que a pressão que a Thundershirt faz no corpitcho dos nosso cães (e por isso eles acalmam) é muito diferente da que conseguimos fazer com nossos abraços.
Admito que a vontade que dá de pegar o bicho no colo, fazer carinhos, falar com aquela voz tatibitate que está tudo bem e que estamos lá para protegê-lo é quase irresistível. Mas a verdade é que esta atitude tende a piorar e agravar gradativamente o medo que nossos cães sentem.
Um dos motivos é que os cachorros são muito perceptivos no que diz respeito a linguagem corporal de seus donos. Não pense que ele não é afetado por nossos olhares ansiosos, nossos músculos ligeiramente tensos, nossa voz um tom mais alto que o normal. O medo que eles demonstram quando estão em uma situação de estresse nos afeta e, em retorno, nós passamos de estresse para eles que os deixam mais inseguros e com medo. É um ciclo vicioso e nocivo.
O contato físico com um dono preocupado e carinhoso, nestas situações, também deflagram o tal do reforço positivo. Em palavras simples, a gente acaba recompensando o cachorro com carinhos e atenção quando ele está demonstrando um comportamento que na verdade queremos evitar e não incentivar. Nossos carinhos e aconchego acabam soando como "Parabéns meu cachorrinho! Veja como eu adoro quando você está tremendo todo, babando e tentando se esconder. Continue assim que eu lhe darei mais e mais carinhos". Concordamos que está não é a mensagem adequada, certo?
E nossas mãos e corpos que se mexem e se ajeitam, ou porque não conseguimos parar quietos, ou porque estamos tentando achar uma posição melhor para o cão, não deixam que ele relaxe e encontre seu espaço. Como é que o bicho vai se acalmar deste jeito?
A Thundershirt faz uma pressão constante e tranquilizadora. É impessoal o bastante para não influenciar de forma negativa no comportamento do peludo e não limita os movimentos, permitindo que ele encontre o melhor lugar e a melhor posição para esperar o medo ou a ansiedade passar.
A pressão que a Thundershirt faz em torno do tórax do bicho propicia a sensação de conforto, relaxamento, e a percepção do próprio corpo e do posicionamento dele no espaço (propriocepção) que lhe dá uma maior autoconfiança e sentimento de segurança.
Este é um dos motivos pelo qual a Thundershirt tem ajudado vários cães com problemas neurológicos.
O QUE MAIS A THUNDERSHIRT PODE FAZER PELOS CACHORROS?
A Thundershirt - Camisa Calmante pode ajudar ser cachorro a superar:
Medo de sons altos como: trovões, fogos de artifício, aspirador de pó
Ansiedade de separação
Medo de andar de carro e mudanças de ambientes
Medo de ser examinado ou cortar unhas
Reatividade com pessoas estranhas
Agressividade com outros cães na rua
Desordens neurológicas e comportamentos compulsivos, como ficar rodando em volta do próprio corpo.
Tremores
Respiração ofegante
Salivação
Latidos
Choros
Lambidas compulsivas
Cavar
Hiperatividade
Perda do controle da urina ou das fezes
Ficar escondido
Não comer
Destruição de objetos
Vomitos
Incapacidade de ficar sozinho
PRÓS E CONTRAS
- PRÓS:• Fácil de colocar e usar
• Alto grau de eficácia (mais de 80%)
• Melhora o comportamento do cão
• Excelente Custo X Beneficio
• Durável
• Fácil de lavar e manter
• O cão se sente mais seguro
• Não exige treinamento prévio
• Não usa drogas
• Simples de ajustar
• Resultados rápidos
• Diminuição na sensibilidade e no sofrimentos dos cães em situações de estresse
- CONTRAS:• O velcro de ajuste fica cheio de pelos com o tempo
• É preciso atenção ao usar em dias muito quentes (nós experimentamos molhar aThundershirt e deixar no corpo de nossa cadela e funcionou muito bem)
• Se mal ajustada, especialmente se ficar frouxa, o cachorro pode roe-la
A NOSSA CONCLUSÃO SOBRE A THUNDERSHIRT
Sabemos que a Thundershirt pode não ser a solução milagrosa para todos os cães. Alguns peludos vão precisar de algum tempo para aceitá-la, principalmente aqueles que ficam "duros" quando são obrigados a usar qualquer roupinha. Nestes casos é bom fazer uma introdução de forma gradual, antes de tentar usar a camisa em uma hora de crise.
Mesmo assim, nós achamos que vale a pena tentar esta solução tão simples. Não há sentimento mais recompensador do que vermos os nossos bichos superando seus medos e sofrendo menos. Ver a Bibba comendo, mesmo durante uma tempestade com trovoadas, ou vê-la deitada perto de nós durante o foguetório dos dias de jogos, sem tremer, sem ficar ofegante e sem com aquela cara de quem preferia se jogar de baixo de um trem a ter que enfrentar o que está acontecendo a sua volta, vale cada centavo gasto, cada esforço despendido, cada momento de pesquisa e procura até encontrarmos a Thundershirte trazê-la para o Brasil.
E para provar que a Bibba não é um caso do acaso, experimente dar uma lida nos inúmeros relatos de sucesso com o uso da Thundershirt. Os textos estão em inglês, mas com a ferramenta de tradução do Google dá até para entender o que as pessoas escreveram.
Cláudia PizzolattoTreinadora Especialista em Comportamento Canino
BitCão - Brinquedos Inteligentes para o Treinamento do seu Cão
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