Casais obrigados a dormir separados, vizinhos à beira da loucura, bens destruídos e queixas policiais são algumas das consequências dos problemas comportamentais dos cães e que são as principais causas dos abandonos e das eutanásias.
O mais famoso cão com problemas de comportamento chamava-se Marley e é protagonista de um “best-seller” que passou para o cinema num filme que foi campeão de bilheteira nos Estados Unidos.
“Marley e Eu” é o nome do livro e do filme e conta a história de uma família que tinha um cão muito especial: “Arrombava portas, arranhava paredes, babava em cima das visitas, comia roupa do varal alheio e abocanhava tudo o que pudesse”, lê-se na apresentação da obra cinematográfica.
Este cão “neurótico” apaixonou o mundo e os milhões de leitores que conheceram a sua história e aproveitaram a ocasião para partilhar as suas idênticas angústias de donos de cães com problemas comportamentais.
A definição de cão bem comportado muda muito de sociedade para sociedade e, enquanto que uma família considera bem comportado um cão completamente submisso, para outra poderá ser um cão ativo mas que responde a ordens básicas.
Um estudo europeu elegeu as características do cão preferidas dos donos: sociável, adaptável, fácil de ensinar, simpático para os donos, equilibrado nos seus comportamentos, que tenha feito uma socialização primária com a progenitora (até pelo menos aos dois meses).
Quando falha alguma destas características, os cães padecem de algum problema comportamental que precisam de ajuda a resolver.
A culpa dos conflitos – entre humanos e os seus cães – passa, na maioria dos casos, pela comunicação, sobretudo pela comunicação corporal.
Os cães percebem os nossos menores gestos mas interpretam-nos de acordo com o seu código e linguagem, que é distinta da nossa, o abraço, por exemplo, enquanto que para os humanos abraçar um cão é uma demonstração de afeto, para o cão este gesto pode ser até uma agressão.
A solução passa pelo estabelecimento de “uma ponte de diálogo”.
As principais manifestações comportamentais que levam o dono a procurar um veterinário para a consulta de comportamento são a ansiedade por separação (cães que quando ficam sozinhos em casa destroem, uivam, sujam tudo), medos e fobias, comportamentos obsessivo-compulsivos, agressividade dirigida a humanos ou a outros animais.
Os cães que apresentam estas manifestações comportamentais precisam de ajuda técnica e profissional, bem como de um acompanhamento aos donos que estarão certamente perdidos e a necessitar de ajuda.
Muitos casos de ansiedade por separação começam com queixas de vizinhos que não conseguem estar na sua própria casa com o barulho que o cão faz e terminam com o envolvimento da polícia.
Na maioria dos casos, o desfecho para o animal é que poderá ser o mais triste, abandono ou até a eutanásia.
Em todos os casos, procurando ajuda profissional é quase certa a solução, com alguma paciência, vontade e principalmente amor.