Programa de Esterilização Precoce
(ESP-Early Sterilization Program)
por Dr. Dick Rosebrock
Estudo comprova que a esterilização precoce previne doenças e aumenta a vida do animal.
Castração precoce, castração pré-pubescente, castração pediátrica, todas estas expressões se referem à mesma coisa, ou seja, à castração de nossos cães e gatos antes do período normalmente recomendado e mais jovens do que se aceitaria. Há anos os veterinários decidiram que o melhor momento para se castrar uma fêmea era logo depois que ela tivesse cria, pois era evidente que a maternidade fazia com que as fêmeas amadurecessem. Como os machos não dão à luz, eles não se adequavam a este requisito e, conseqüentemente, eram ignorados neste aspecto. Muito provavelmente por não se tratar de uma “coisa de macho”. Mais tarde, descobrimos que, se as cadelas fossem castradas antes de terem cria, a incidência de tumores mamários cairia a zero e a recomendação passou a ser “castre-as um pouco antes do seu primeiro cio”. Ao que os seus donos perguntaram: “Mas quando ela fica no cio pela primeira vez?” E, a partir de então, a idade em que as cadelas deveriam ser castradas passou a ser, em média, de “aproximadamente seis meses de vida”.
Repetindo, como os machos não dão cria, os seus donos os antropoformizavam e relutavam em castrá-los. “Por Deus doutor, será que o senhor quer impedi-los de se divertir?” Este tipo de comentário ainda é comum. Geralmente eu pergunto a quem o faz se já presenciou uma cópula canina. É bastante desconfortável e não parece ser nem um pouco divertida para mim. A maioria dos cães era castrada para minimizar ou acabar de vez com a sua agressividade, pois o seu papel como reprodutores não era considerado como um problema. Afinal, se a cadela do vizinho estivesse no cio, bastaria mantê-la trancada.
Pois bem, hoje os tempos são outros e mudamos o nosso modo de proceder. Filhotes de cães e gatos abandonados estavam inundando o planeta e algo deveria ser feito. O clamor público passou a ser “castre os seus cães e gatos”. Mas, isoladamente, a castração não tem sido suficiente para acabar com a superpopulação de animais de estimação, pois os abrigos para animais continuam lotados. E apesar dos abrigos serem obrigados a deixar um depósito para cobrir os custos da castração, entre cinqüenta e sessenta por cento de seus animais adotados não eram castrados e passaram a contribuir com o problema da superpopulação.
Discretamente, nos últimos vinte e cinco a trinta anos, uns poucos abrigos mais avançados começaram a implantar programas de esterilização precoce e passaram a colher resultados positivos. Se os animais fossem castrados antes de deixarem o abrigo, eles deixavam de contribuir para o problema da superpopulação. Filhotes de cães e de gatos passaram a ser castrados com apenas seis a oito semanas de vida. O desenvolvimento de novos anestésicos e de novas técnicas cirúrgicas fez com que este procedimento passasse a ser tão ou até mais seguro do que qualquer outro que costuma ser recomendável até os seis meses de vida. Os pacientes mais jovens se recuperam mais rapidamente e têm uma incidência menor de complicações cirúrgicas e pós-cirúrgicas do que os seus pares mais velhos, pois possuem nenhuma ou muito pouca gordura corporal para sustentá-los, a incisão é menor, a duração da cirurgia é reduzida e a sua recuperação é bastante breve.
As pesquisas disponíveis sobre os efeitos físicos e comportamentais de curto e de longo prazo da castração pré-pubescente em cães e gatos demonstram a ausência de qualquer resultado adverso. Com base nestas informações, a American Humane Association (Associação Humanitária Americana) apóia esta prática como uma solução viável para a diminuição da superpopulação de animais de estimação e da tragédia decorrente da morte de muitos deles. A prática da esterilização precoce também é endossada pela American Veterinary Medical Association (Associação Veterinária Americana), pela American Animal Hospital Association (Associação de Clínicas Veterinárias Americana) e pela California Veterinary Medical Association (Associação Veterinária da Califórnia).
Pessoalmente, eu endosso este programa entusiasticamente. Tenho participado ativamente do Programa de Castração Precoce desde 1984 e o realizei em aproximadamente mil animais. Não constatamos nenhum resultado negativo. Muito pelo contrário: os seus donos geralmente consideram estes animais como os melhores que já tiveram. E não perdemos um único animal em conseqüência deste procedimento! Sete dos dezesseis filhotes de cães-lobo irlandeses de nossa última ninhada e dois dos nove da ninhada anterior a essa foram castrados antes de serem encaminhados para as suas novas casas com dez meses de vida. A primeira ninhada já tem 28 meses e segunda, 18 meses, e nenhum resultado negativo foi observado até agora.
Existe a preocupação de que este procedimento precoce possa prejudicar o crescimento dos animais, mas, na verdade, as pesquisas demonstram que os cães se tornam um pouco maiores do que seriam caso não fossem castrados. Este fato se explica pela tendência dos ossos mais compridos de crescer por um período ligeiramente mais longo. Como este crescimento adicional não é causado por um crescimento mais acelerado, mas sim por um crescimento mais prolongado, isso significa que este fato é positivo para a nossa raça de gigantes. É sabido que, quando o processo de crescimento se desacelera em um período de tempo maior, a densidade e a força dos ossos aumentam.
Há anos, criadores conscienciosos têm vendido filhotes de cães de raça sem o registro oficial e/ou com um contrato impedindo a sua procriação ou exigindo a sua castração para evitar filhotes indesejados. Mas estes métodos nem sempre foram efetivos. Cães que jamais deveriam ter nascido acabaram nascendo. Já a castração pediátrica é 100% segura!
Oferecemos este procedimento sem nenhum custo adicional a todos os nossos compradores de filhotes que não estão interessados em exibi-los. Até o presente momento, em nossas duas últimas ninhadas, 100% dos compradores aos quais oferecemos este procedimento o aceitaram com entusiasmo. Fiz com que eles economizassem dinheiro e não tivessem que passar pelo trauma emocional de ter o seu animal de estimação ser submetido a um procedimento cirúrgico DEPOIS de terem se apegado a ele. Recomendamos fortemente que os criadores levem em conta esta opção e a discutam com o seu próprio veterinário.
Artigo original pode ser lido em http://www.danesonline.com/earlyspayneuter.htm
autor Dr. Dick Rosebrock
Tradução: Cláudio de Godoy