Aqueles filhotes de cães e gatos, fofíssimos, que ficam nas pet shops à venda, são difíceis de resistir, não é mesmo? Mas uma rápida olhada em como essas lojas obtém os animais revelam um sistema na qual o preço que o consumidor paga pelo "cãozinho na vitrine" é pouco perto do sofrimento dos animais.
Aquele adorável filhote, provavelmente veio de uma "fábrica de filhotes", um lugar onde não se há controle algum sobre a reprodução dos animais. Não é difícil de encontrar um lugar assim: pode ser um vizinho que tem uma cadela "linda" e quer acasalá-la para "ganhar dinheiro".
Resultado: filhotes que não têm nenhum controle genético, podem carregar alguma doença hereditária e a cadela mãe que não tem descanso: é colocada para acasalar todo cio, ou seja, duas vezes por ano. Algumas até permanecem trancafiadas. Muitos sequer levam os animais ao veterinário. A maioria dos animais (filhotes e adultos) não é socializada. O resultado disso é que muitos filhotes acabam sendo abandonados depois de semanas ou meses, pois os donos ficam frustrados com o animal que adquiriram, aumentando ainda mais a população animal das ruas, tornando-os expostos aos maus-tratos, à fome, ao frio.
Gaiolas, Sujeira e Negligência
Nas fábricas de filhotes os animais ficam em pequenas gaiolas feitas de madeira e arame, cabines de pick-ups ou simplesmente amarrados a uma corda. Como já foi dito acima, as cadelas acasalam duas vezes ao ano e geralmente são sacrificadas quando não conseguem mais ter filhotes. As cadelas e suas crias geralmente sofrem de má nutrição, não têm sequer um abrigo e não têm atendimento veterinário nenhum.
Os filhotes são separados da mãe e vendidos, sendo então colocados em gaiolas e levados às pet shops. Essas viagens podem ser de centenas de quilômetros em pick-ups, trailers, caminhões e/ou aviões, sem comida, água, ventilação, abrigo e espaço para se exercitar. Muitos filhotes chegam a ficar superaquecidos e morrer de calor. Mesmo que uma pet shop jure de pés juntos que não pega os animais de fábricas de filhotes, há grandes chances de que compre de pessoas que têm ligação com essas fábricas, vendendo seus filhotes.
Os filhotes que sobrevivem às condições anti-higiênicas das fábricas de filhotes e ao péssimo transporte até as pet shops raramente conhecem o contato humano que tanto é necessário para se tornarem bons animais de estimação. Por não gastar dinheiro com alimentação adequada, abrigo e cuidados veterinários, as fábricas de filhotes têm um lucro altíssimo.
As condições não melhoram muito quando os filhotes chegam às pet shops. Cães que são mantidos em pequenas gaiolas sem exercícios, amor e contato humano tendem a desenvolver comportamentos indesejáveis e podem latir excessivamente ou se tornar destrutivos e anti-sociais. Diferentemente de sociedades protetoras, as pet shops não se preocupam com o futuro dos filhotes. A falta de leis nesse sentido permitem que as pet shops continuem a vender animais doentes, embora a polícia algumas vezes consegue fechar essas lojas quando se descobre que os animais sofrem de abusos e maus-tratos.
Fábricas e "corretores" fazem grandes negócios
Em algumas dessas fábricas os cães não têm uma cama para dormir e nem proteção contra o frio ou contra o calor. Alguns possuem feridas que não foram medicadas, infecções na orelha e abscessos nas patas. O confinamento e a solidão, algumas vezes, deixam as cadelas loucas.
Existem milhares de "criadores" e de negociadores pelo país, o que gera um movimento grande de dinheiro.
A angústia das raças puras
Algumas pessoas compram cães de determinadas raças por impulso e na maioria das vezes as pessoas sequer lêem a respeito da raça ou estão prontos para o compromisso e as responsabilidades de se ter um animal de estimação. Filmes como 101 Dálmatas e Beethoven, programas de TV como Frasier e comerciais como o do Taco Bell causaram um boom de popularidade de certas raças e, ainda, a maioria dos donos sabem quais são os cuidados necessários da raça que ele comprou. "Toda vez que Hollywood faz um filme de cachorro, aquela raça se dá mal". Quando aumenta a procura por determinada raça, as fábricas de filhote entram em ação e produzem centenas de filhotes daquela raça. Mas, quando o Jack Russell Terrier não é nada parecido com o "Eddie" de Frasier ou o São Bernardo não age como o "Beethoven", os abrigos e CCZs lotam de cães dessas raças, que foram abandonados por seus donos.
A solução para isso seria os verdadeiros criadores castrarem os filhotes que seriam vendidos como pet, ou seja, como animais de estimação. Aqueles filhotes com qualidade para reprodução e exposição não seriam castrados mas, se vendidos, a responsabilidade de sua criação seria do criador, e não do dono. Os compradores, também, não devem comprar de pet shops, mas sim, de criadores sérios. O preço é mais caro, mas, como diria o ditado: o barato sai caro. Nas fábricas de filhotes, os cães são criados para quantidade, e não qualidade, então doenças genéticas e problemas de comportamento que passam de geração para geração são bem mais comuns nesse tipo de criação. Essa situação resulta em contas de veterinário altíssimas para as pessoas que compram esses cães, além de a probabilidade de se ter cães com desvios de comportamento e anti-sociais ser maior. Os treinadores afirmam que nessas fábricas não há a menor consideração a respeito do temperamento do animal. E, no final, as pessoas ou abandonam os animais por não corresponderem ao que queriam ou, simplesmente, os sacrificam.
Inspeções inadequadas
As fábricas de filhotes raramente são monitoradas pelo governo e não existem leis que a proíbam. Cabe a nós mudar essa situação, pelo bem dos animais, não comprando filhotes de pet shops.
Procurando por um companheiro canino
Com milhares de cães e gatos abandonados (incluindo os de raça) morrendo anualmente nos CCZs, simplesmente não existe razão para que os animais se reproduzam e seus filhotes sejam vendidos pelas pet shops. Sem as pet shops, as fábricas de filhotes tendem a desaparecer e o sofrimento dos cães irá acabar. O melhor lugar para se encontram um amigo animal é em um abrigo, em feiras de adoção ou no CCZ da sua cidade.
Fonte:
PETA - Helping Animals: www.helpinganimals.com