Nesta semana de dia das mães várias foram as fotos de mamães animais com seus filhotes e frases cheias de doçura.
No entanto, acho que as pessoas esqueceram que cada um desses filhotes que chegam ao mundo também podem estar fadados a um futuro infeliz, já que não existe lugar para todos.
a realidade não é tão bonita assim
Então, vamos falar de todo o processo de maternidade para as gatas e tentar fazer com que as pessoas entendam que não passa de um comportamento instintivo de perpetuação da especie.
1- ACASALAMENTO
Ao contrário da crença popular, o acasalamento dos gatos nada tem de prazeroso.
O pênis do gato possui pequenas espiculas - espinhos - que machucam a fêmea.
Durante o acasalamento, ele morde a nuca da gata - podendo machucar seriamente - para prendê-la na posição. Durante o coito o pênis arranha a vagina, estimulando a produção de hormônios que promovem a ovulação e por isso os gritos.
pênis felino
Essas mordidas e troca de sangue durante o acasalamento pode ocasionar inúmeras doenças , algumas delas fatais, como a PIF (peritonite infecciosa felina ), FELV (Leucemia Felina), FIV (Aids Felina) e outras doenças dermatológicas como sarna e pulgas.
Uma unica gata pode acasalar com diversos machos durante uma unica noite, resultado em filhotes de pais variados em uma ninhada.
2- GESTAÇÃO
A gata em gestação precisa de alimento de alta qualidade para que todos os nutrientes cheguem até os filhotes sem causar danos à mãe e acompanhamento veterinário regular.
A gestação de uma gata dura em torno de 60 dias e elas vão ficando cada vez mais pesadas e sonolentas a medida que se aproxima o nascimento.
prenhe e abandonada, infelizmente, uma visão comum :(
Para gatas abandonadas isso significa a impossibilidade de procurar por fontes de comida distantes e até mesmo defender-se de perigos. Não é raro vermos mamães prenhes com barrigas imensas e esqueleto à mostra, revirando sacos de lixos.
3- PARTO
Gatas são conhecidas por serem excelentes no cuidado com suas crias, mas muita coisa errada também pode acontecer. No caso de gatas muito jovens, algumas delas podem rejeitar os filhotes, deixando-os para morrer depois do nascimento e até mesmo devorar suas crias.
Em gatas que não tiveram a alimentação e acompanhamento veterinário necessários durante a gestação, podem estar muito fracas para conseguirem cuidar, ter leite para todos recém-nascidos e mortes na ninhada também podem ocorrer.
Também há casos em que os filhotes são grandes demais e ficam presos no canal do parto, impossibilitando um nascimento normal. Nestes casos uma cesária é a unica opção, que demandará muito mais cuidados para a mãe - que passou por um processo cirúrgico - e para os filhotes que foram anestesiados.
Não é raro observarmos as gatas arfando durante o parto e chegada de cada filhote.
Os cuidados após o nascimento não podem parar, já que é necessário observar se todas as placentas foram expelidas, se os filhotes estão respirando e mamando e se há algum preso no canal de parto. Hemorragias também podem ocorrer.
Gatas nas ruas procuram tocas e locais seguros para ter seus filhotes, mas não é raro que eles sejam mortos por outros gatos, machos ou fêmeas, para eliminar competição e para que a mãe fique no cio, aceitando um novo macho novamente. Historias que mães ariscas se assustaram e abandonaram a ninhada inteira para trás também não são raridade.
Eu sinceramente não compreendo porque uma pessoa com acesso à informação deixaria sua gata ( ou cadela ) passar por tudo isso se pode ser evitado. Mesmo depois de toda a dedicação das mães, somente 1 filhote de cada ninhada atingirá seu primeiro ano de vida, vitima de acidentes, irresponsabilidade humana, doenças, etc.
A maioria das gatinhas que possuiam um lar são deixadas na rua justamente neste periodo, pelos donos que não castraram e também não querem se responsabilizar pelos filhotes. O grau de crueldade aumenta quando apenas tiram os recem-nascidos de suas mães, abandonando-os em caixas ou sacos plásticos, condenando-os a uma morte por frio e fome.
mamãe e bebês abandonados em uma caixa
Se engana quem pensa que filhotes que são doados estão livres de um futuro incerto, já que a maioria das pessoas apenas repassa os mesmos, sem nenhuma preocupação maior quanto ao tipo de vida que terão ou se ao menos serão castrados.
Nenhuma fêmea tem em si o desejo humano da maternidade e, na realidade, se uma prenhez puder ser evitada, a qualidade de vida delas se torna muito melhor.
Eu, sinceramente, fico revoltada toda vez que alguém com condições e acesso a informação diz que sua fêmea pariu ou que seu macho está tendo acesso às ruas. Não consigo mais enxergar filhotes como algo bonitinho, só consigo temer por todas as desgraças que podem alcançá-los.
A minha concepção de amor materno é aquele que eu sinto pelo meu gato, castrado, que nunca foi pai de nenhum filhote pelas ruas, morando seguro dentro de casa, assim como para todos os outros animais que passaram pelas minhas mãos.
Fonte: Amor & Miados