Uma das grandes preocupações dos pais com a chegada de um animalzinho em casa são os possíveis problemas respiratórios e alérgicos que pêlos podem, em tese, causar nas crianças. Muitas vezes recebemos e-mails de pais desesperados porque precisarão se desfazer de seus animais devido a chegada de um novo bebê em casa e o pediatra afirmou que se o gatinho não... fosse embora, a criança teria asma, necessariamente.
Grande engano!
Hoje em dia, estudos mostram que crianças que convivem nos primeiros anos de vida com animais de estimação estão menos propensas a desenvolverem alergias e doenças respiratórias, pois o seu sistema imunológico já estaria "acostumado" com os agentes alergênicos encontrados nos animais.
A exposição de crianças a gatos pode prevenir a asma Nos Estados Unidos, especialistas em asma e alergias observaram a resposta imune de mais de 200 crianças que convivem com gatos e apenas menos 1/4 delas apresentaram algum sintoma de asma. De acordo com essa pesquisa, publicada no The Lancet, crianças expostas ao convívio com gatos podem desenvolver imunidade a asma por produzirem um tipo específico de anticorpo que as protege de alergias, criando uma espécie de tolerância a asma.
O professor Thomas Platts-Mills, que liderou a pesquisa feita no Centro de Asma e Doenças Alérgicas da Universidade de Virgínia, afirmou que as chances das crianças serem imunes a gatos são as mesmas de serem alérgicas a eles. Falou ainda que esse tipo específico de imunidade se desenvolveu quando as crianças tiveram um convívio significante com os gatos, ou seja, quando conviveram com os animais da casa no dia-a-dia e não apenas em ocasiões isoladas.
Além disso, o professor também afirmou pensar que crianças alérgicas que não convivem com gatos são mais suscetíveis a desenvolverem asma do que crianças que convivem com gatos dentro de casa e desenvolveram esse tipo específico de resposta imune. De acordo com suas próprias palavras: "Não podemos falar para os futuros pais que eles precisam doar os gatos quando as crianças nascerem porque essa resposta imune é tão comum quanto uma possível alergia."As famílias podem ficar com o gato.
As pesquisas realizadas mostram que suas descobertas não sustentam a percepção comum das família evitarem ter gatos em casa para prevenir que seus filhos desenvolvam asma. De acordo com o Dr. Mark Larche, pesquisador sênior membro da Campanha Nacional de Asma, nos Estados Unidos, essas descobertas demonstram, de fato, que em alguns casos a exposição a altos níveis de alérgenos realmente induz a uma resposta protetora do organismo. E acrescenta: "Isso se encaixa com o que nós sabemos sobre a terapia imunológica bem sucedida, em que esse anticorpo protetor foi achado em pacientes que se beneficiaram dessa forma de tratamento."